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sábado, 9 de março de 2013

SARTRE E O INCONSCIENTE



(resumo do texto de André Barata)
A psicanálise substitui a noção de má fé pela ideia de uma mentira sem mentiroso, ela permite compreender como posso não mentir-me mas ser mentido, visto que me coloca relativamente a mim mesmo na situação de outrem perante mim; ela substitui a dualidade do enganador e do enganado, condição essencial da mentira, pela do «id» e do «ego»; ela introduz na minha subjetividade mais profunda a estrutura intersubjetiva do mit-sein (ser-com). Poderemos satisfazer-nos com tais explicações?
Para Sartre não. Tais explicações satisfariam somente se fosse possível censurar algo sem que houvesse, primeiramente, consciência do objeto da censura, do censurado propriamente dito, e isto é recusado por Sartre - a verdade é que, para o existencialista, só há censura enquanto consciência de censura, uma vez que a censura é necessariamente intencional; e, consequentemente, só pode haver censura disto ou daquilo na precisa medida em que haja consciência do censurado.
Sendo assim, a existência de um Inconsciente por trás da consciência não só seria inaceitável de ponto de vista da posição de uma consciência como significaria tão somente um ato de má fé pelo qual a consciência se observa a subtrair-se o seu próprio ser.